Queria Que Você Me Visse – EMERY LORD
Título original: When We Collided, de 2016.
Versão lida: Em inglês, Editora Bloomsbury, 2016.
A autora
Emery Lord é norte-americana, escreve romances Young Adult e já lançou cinco títulos. Apenas este traduzido para o português até agora.
O livro
Comprei esse livro depois de ler a sinopse, entre as prateleiras da livraria. Não conhecia a autora mas me apaixonei pela capa. Faz muito o meu tipo de chicklit.
Os capítulos são divididos, dando aos dois personagens centrais cada um a sua oportunidade de contar a sua perspectiva do que está acontecendo. Vivi e Jonah são adolescentes de 17 anos que se encontram e imediatamente entendem que algo de importante precisa acontecer entre eles.
Vivi, com sua perspicácia aguçada decide que terá esse garoto para si, e o resto é só detalhe. E Jonah se sente atraído por ela no ato, compreendendo que a presença dela em sua vida parece agregar valor nas vidas de seus irmãos e irmãs também.
Há uma linda história de amor adolescente que se estabelece logo nas primeiras páginas, mas esse é só o pano de fundo para os dramas reais na vida de cada um.
Jonah perdeu o pai, e sua mãe ainda não conseguiu parar de sofrer com a perda, então os filhos mais velhos (eles são 6) tem que se virar para tomar conta do lar, de si mesmos e dos mais novos. Há uma luta constante, uma dor adormecida que aparece em momentos pontuais, e o crescimento e amadurecimento de um garoto com o coração de ouro. Jonah facilmente se torna seu favorito, e quanto mais se lê sobre ele, mais o amamos.
Vivi, apesar de borbulhante e energética, carrega consigo segredos e traumas, além de sentimentos confusos com relação a si mesma, sua mãe e o mundo a sua volta. Sua imagem colorida e personalidade gritante são puro entretenimento, e por mais que ela tenha efeitos positivos em todos a sua volta, é bem latente a necessidade que ela tem de manter a máscara, e como leitor você fica na expectativa de descobrir quando é que a máscara vai cair.
Em certos momentos a juventude dos dois se torna o aspecto mais importante da cena, mas na maioria do tempo Jonah e Vivi agem com maturidade muito além de seus poucos anos, e isso foi a única coisa que me deixou um tantinho frustrada.
É preciso muito cuidado ao dar voz a adolescentes em romances como esse. Vide John Green, o dono da bola nesse particular jogo de futebol.
A escrita, no entanto, faz um ótimo trabalho em definir a personalidade dos dois, e quando se trata de Jonah especialmente, há uma vibe muito honesta de garoto de 17 anos que não te deixa na mão. É um personagem muito sólido, convincente.
A ambientação é um caso a parte, por causa da habilidade da autora de descrever locações e sentimentos usando comparações muito imaginativas, e expressões muito atuais. Gostei muito do estilo de escrita dela.
O final é honesto e bem escrito. Durante toda a leitura você se apaixona e tem seu coração partido mil vezes, e é assim que deve ser um bom livro YA Chicklit.
Há ainda um debate delicado com relação a bipolaridade e depressão, ambos tratados de forma sutil e que não chegam a chocar o leitor ou transformar a leitura em uma experiência dolorosa. Digo isso pois já houve casos semelhantes em que não pude dizer o mesmo.
Super indicado.
Com amor, Ana Luiza.